“À força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir em que dimensão vivo”.
Pois bem amigos, mais uma belíssima leitura terminada, e digo desde já que o final para mim foi deveras surpreendente.
Por toda a leitura fui conduzido a pensar que Dom Quixote seria um homem culto, porém louco de pedra e que seu fiel escudeiro nada mais era do que um completo paspalho que sonhava com riquezas fáceis.
Mas o que se desenrola com o passar das páginas, as finais para ser mais exato, é que encontrei meu pré conceito sobre tal clássico completamente equivocado.
Me vi envolto em uma reflexão ao enfim fechar as páginas deste livro: é loucura tentar com todas as forças e com todo seu coração ser feliz atrás de um sonho?
Pois para mim é sobre isso que esta obra de Miguel de Cervantes se trata.
Os livros de cavalaria não tornaram o personagem louco, mas o fez perceber que a verdadeira loucura era viver na paz e no sossego de uma vida monótona, enquanto que poderia dedicar-se à busca daquilo que tanto admirava em seus heróis. Decidiu pois que viveria como um cavaleiro andante em busca de aventuras, por mais que inventadas e existentes apenas em sua mente, mas seria feliz em uma busca interminável de ideais que a todos pareceriam tolos e desnecessários, quando verdadeiramente se tratavam de cortezia, gentileza e amor ao próximo mesmo com o seu próprio sacrifício.
Ao final, vendo-se então derrotado em sua vontade despiu-se do cavaleiro e tornou a ser Alonso Quijano, o Bom. Sim, o bom, mas para quem? Viveu a vida sendo bom para todos mas tomado de amarguras, sendo feliz apenas enquanto cavaleiro e na companhia de seu escudeiro fiel e leal. Foi bom aos outros deixando grande herança e morreu assim que finalmente aceitou deixar de lado seu grande sonho de vida.
Quantos de nós passamos a vida sem a coragem de fazer o mesmo que o audaz protagonista?