“Clube da luta é hoje reconhecido como um dos romances mais originais e provocativos de sua década”.
Sim meus amigos, é compreensível a surpresa no caso daqueles que, assim como eu, conheciam apenas o filme de mesmo nome lançado em 1999. Neste caso o livro veio primeiro, lançado em 1996.
Na obra narrada em primeira pessoa, um homem que sofre de grave insônia e que encontra paz apenas em grupos de ajuda para doentes terminais vê o início do fim de sua vida monótona quando conhece Marla, outra mentirosa que assim como ele frequenta os grupos sem ter doença alguma. Na verdade, o que ambos possuem são distúrbios psicológicos, cada um a sua maneira.
Marla é uma pessoa que busca o pior que pode ser, alguém que vive no fundo do poço e não se importa em nada com seu comportamento autodestrutivo. O narrador é alguém que vive uma vida vazia e comum, com um emprego comum que ele não sabe se gosta ou não, um apartamento comum cheio de coisas compradas em catálogo tal qual todo mundo e sem amigos com quem interagir. Deseja a morte todas as vezes que está em um dos vários voos que faz por causa de seu trabalho entediante.
Após conhecer Marla ele logo conhece Tyler Durden, um sujeito carismático, cheio de energia, ideias atraentes e que se torna seu grande amigo. Após uma bebedeira eles lutam por diversão e isso leva o narrador a sentir-se vivo pela primeira vez em anos.
O desenrolar dessa noite de dor e ferimentos é a criação do clube da luta no porão de um bar e uma mudança que começa lentamente, mas que tomará parte quase completa da vida do narrador.
O clube da luta é um lugar onde homens confusos, tristes, loucos, de vidas vazias e sem sentido se reunem para lutar ferozmente em combates mano a mano e sentir que são parte de algo, que são importantes, que possuem valor. Existe uma forte doutrinação psicológica por parte de Tyler para com os participantes e todos passam a vê-lo como um líder, quase um Deus a ser seguido cegamente.
O clube da luta ganha filiais por todo o país e inicia-se o projeto desordem e destruição, com os melhores sendo acolhidos na casa de paper street e dando início ao que é possível chamar de um perigoso grupo terrorista. A fabricação de sabão é apenas o disfarce que serve para obtenção de recursos e obtenção de matérias primas para a fabricação de explosivos potentes que no final da obra servem para dar cabo ao plano de destruição e caos, a busca pela extinção da sociedade como se conhece e o início da anarquia.
O narrador e Tyler Durden são duas personalidades que dividem o mesmo corpo. Quando o narrador dorme, Tyler toma controle de seu corpo e faz tudo aquilo que o narrador jamais teria fibra para realizar. Tyler é o coração verdadeiro de Joe.
Tomando ciência da verdade sobre Tyler e lutando contra essa personalidade que ameaça tomar-lhe o corpo para sempre, o narrador atira em sua própria boca, o cano da arma apoiado sobre a língua. Achei um pouco confuso no livro essa parte. No filme o narrador sobrevive e Tyler morre após o disparo, mas no livro me parece que ambos morrem após o disparo.
Uma obra que prende do começo ao fim e que penso que teria sido mais interessante de ler se não conhecesse tão bem o filme que, admito sem vergonha alguma, levou a mim e outros companheiros da época de escola a criar nosso próprio modelo do clube da luta, um lugar onde adolescentes bobos sentiam-se homens de verdade a cada embate. É claro que ninguém nunca se machucou como na obra, mas era divertido mesmo assim.