“Um cavalheiro britânico solitário da era vitoriana, aposta que pode circum-navegar o globo em menos de 80 dias”.
Para iniciar esta opinião, arrisco dizer que esta é a obra mais famosa do talentoso Júlio Verne.
Divergindo um pouco do estilo tão detalhado em informações cientificas, algo marcante ao autor, esta possui linguagem ligeiramente mais simples, mais focada no desenrolar da história do que nos intrincados caminhos das ciências.
Vi nesta obra uma maestria fenomenal no que tange à construção de personagem. Digo no singular, pois todos os demais além do excêntrico Mr. Phileas Fogg são entregues “de bandeja” ao leitor.
O personagem, ser de hábitos tão monótonos, constantes e pontuais quanto o mais preciso dos relógios, lança-se em uma jornada ao redor do mundo motivado por uma aposta em que o objetivo era afirmar, não sem tal arrogância e prepotência, seu ponto de vista sobre o que todos consideravam impossível.
Ao longo da trama, enquanto o protagonista viaja na companhia de seu criado através da rota matematicamente programada, vemos suaves mudanças em como tal homem nos é apresentado.
Se antes figurava um ser digno de indiferença por causa de sua exacerbada falta de empatia por tudo e todos, durante o desenvolvimento vemos um cavalheiro honrado e dono de coragem e desprendimento admiráveis, e por fim, na conclusão da história, encontramos o mais bondoso e honesto dos homens quando, falido e resignado, permite-se baixar levemente o escudo do cavalheirismo inglês e despontar como o mais irrepreensível dentre os de sua espécie.