“ Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
Finalizei a leitura desta obra mimosa e digna de ser relida a cada dez anos.
Cada frase escrita nesta obra possui sabedoria escondida em suas palavras, que penso ser diferente para cada um que a lê. Tentarei passar minha opinião, tão minha mas que também pode ser a sua.
O aviador, personagem que reflete o próprio autor, encontra o pequeno príncipe no deserto do Saara após uma pane em seu avião. A meu ver, tal cena reflete a solidão sentida pelo autor, pessoa grande que sente-se triste com o que as outras pessoas grandes se tornaram: esqueceram como é ser criança. O pequeno príncipe não é mais do que sua criança interior, que em seu momento de angústia e solidão reaparece para ele.
Quando acompanhamos o pequeno príncipe pelos planetas, o que acontece é uma viagem por características adultas, encontrando cada uma das diversas pessoas grandes isoladas em seus próprios mundos vazios.
O rei sem suditos que pensa reinar sobre todos, mas na verdade não governa nem sobre si mesmo; o vaidoso que precisa a todo custo ser admirado para que se sinta bem; o bêbado em seu eterno ciclo de vicio, pois “bebe para esquecer que tem vergonha de beber”; o avarento que passa o tempo todo a contar as estrelas que pensa possuir; o acendedor de postes que passa sua vida preso a um ofício que detesta apenas por ser essa a regra; o cartógrafo que vive suas aventuras pelos olhos de outro sem jamais abandonar seu assento seguro.
Outros personagens que chamam a atenção são a rosa e a raposa.
A rosa é bela e ama o pequeno príncipe, assim como ele a ama. Ele cuida de sua rosa e a mantém saudável e faz tudo por ela, porém ela em sua ignorância sobre o amor, demonstra amar apenas a si mesma, quando na verdade sofre profundamente com a partida de seu companheiro, cansado de apenas servir.
A raposa nos ensina a grande lição do livro. Tu torna-se eternamente responsável por aquilo que cativas. Existem bilhões de meninos e centenas de raposas. Uns não significam nada aos outros, mas no momento em que determinado menino cativa determinada raposa, então estes são para sempre importantes um para o outro, e qualquer coisa diferente disso trará fortes sentimentos.
No fim o pequeno príncipe se vai, retorna para seu planetinha, deixando o aviador para retornar a sua vida, mas não sem lhe dar a benção de novamente poder ser feliz enxergando aquilo que verdadeiramente possui valor.