“Ficção científica é uma ótima maneira de fingir que você está falando do futuro quando, na realidade, está atacando o passado recente e o presente”.
Esta obra foi a primeira que li que me fez questionar algo que para mim era impensável: e se algum dia os livros fossem proibidos?
Tal questão é meramente o pano de fundo para a verdadeira malignidade calmamente aceita e posteriormente imposta de que o pensamento crítico, a capacidade de duvidar e questionar, a transformação poderosa e todo o restante que é possível através da leitura são o verdadeiro perigo contra uma sociedade feliz.
A sociedade distopica apresentada nesta obra não está tão longe da que temos atualmente. Pessoas tão interessadas em preencher suas horas com atividades fáceis e vazias, sem interessar-se por qualquer coisa que lhes cobre o mínimo esforço intelectual. Quem nunca ouviu que “pensar dói”? As pessoas não querem sofrer, querem apenas divertir-se sem ao menos entender por qual razão estão se divertindo e vêem qualquer um que não seja um completo imbecil (tal qual elas são) como uma grande ameaça aos seus egos frágeis e infantis.
Não sou tolo de imaginar que as pessoas que controlam o Estado por trás dessa sociedade, eles mesmos, são imbecis. Provavelmente são do pior tipo de viboras que permeiam nossa espécie, aquelas que amam o poder pelo poder e que farão qualquer coisa para que permaneçam eternamente com ele. Quase no final da obra irrompe uma guerra e a cidade que a pouco perseguia Montag por ser um homem que despertou da loucura imposta e questionou a idiotice de tudo, tal cidade é tornada em pó pelas bombas de uma guerra que termina tão rapidamente quanto começou. Ou nunca terá começado? Seria apenas uma “limpeza” para livrar o todo de um foco em que poderia haver outros como Montag, afinal, o que é a perca de vidas estúpidas e irrelevantes quande se trata de proteger o poder?